sexta-feira, 1 de maio de 2009

"Pensar sobre a existência é ocupar-se dela."

A discussão ética acerca do suicídio se inicia falando do contrário a esta negação da vida, a existência. Existência é fato que está para todos os homens, mas é na sua realização que a singularidade destes vai se afirmando. A subjetividade é característica fundamental na construção de nós, seres finitos, porque não há nenhuma determinação nesse processo que não tenha sido uma escolha própria do homem. Essa abertura por fazer-se advém da liberdade, que assemelha – se à existência por também estar no ser de todos os homens.
“O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo “¹ e a ética, enquanto ciência do agir e dos costumes, não julga, mas auxilia na compreensão sobre as consequências dessa ação, que por ser individual e pertencente ao mundo, é, ao mesmo tempo, de caráter coletivo. “Quando dizemos que o homem se escolhe, queremos dizer que cada um de nós se escolhe; mas, com isso, também queremos dizer que, ao se escolher, ele escolhe todos os homens“¹. Quando se morre, não se morre só, mas sim com outros e diante de uma situação ou do mundo que o define como ser. Portanto, o suicídio é uma escolha para o aniquilamento, a negação da liberdade, através da ausência de ações e da nossa condição, que é estar no mundo e se fazer ser através das escolhas perante as inúmeras possibilidades de existir.
O peso dessa decisão existencial recai apenas no humano, porque com ou sem Deus, a total responsabilidade de como a existência é realizada é apenas nossa. Mesmo que se proponha arrependimento e/ou salvação, não existe reembolso da liberdade. E quem não sente medo de perder-se? Ou de perder essa liberdade? Perder aquilo que dá sentido ao fato de estarmos vivos?
A tentativa ou o próprio ato do suicídio envolve uma desestruturação ou perda do controle de nossas faculdades mentais frente às situações, que culmina no julgamento de dar ou não continuidade à vida, portanto, sendo assim perdoável o engano de que esse ato é um alívio para aquele que não suporta o enfrentamento da realidade. Sabe-se que cada homem é capaz de dar sentido à sua vida e de diversas maneiras, mas por este sentido estar emaranhado no próprio conflito de viver é que muitos optam e acabam por se recusar a gratuidade de existir. A morte não é a finalidade da vida, mas sim um possível fim.


¹ Jean Paul Sartre, em o Ser e O nada.

Por: Namíbia Rodrigues e Nz Sofia.

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